Conhece-te a ti mesmo, é uma frase popular atribuída ao filósofo Sócrates, que encontrava-se no pórtico de entrada do templo do deus Apolo, na cidade de Delfos na Grécia, no século IV a. C.

Desde a antiguidade os grandes filósofos, pensadores e líderes espirituais já traziam a importância do conhecer a si próprio.

O próprio Sócrates utilizava-se em seus diálogos do método maiêutico, que consistia na estratégia de ajudar a conduzir o outro ao encontro do seu conhecimento através de perguntas. Uma espécie de jogo dialético. O filósofo costumava dizer que assim como a sua mãe era parteira, ele também costumava fazer partos, não de bebês e sim de ideias. A palavra maiêutica, em grego μαιευτικη — maieutike, significa a arte de partejar, de dar à luz.

Este método utilizado por Sócrates é um dos caminhos que podemos usar no encontro do autoconhecimento. O questionamento como uma estrada que nos leva ao entendimento daquilo que fazemos, de como agimos e do que podemos fazer para melhorarmos nossas atitudes e atingirmos os nossos objetivos.

O autoconhecimento é mais do que um conceito superficial, é um mergulho dentro de si mesmo em busca do entendimento de quem somos, o que queremos, o que sentimos, porque sentimos, o que fazemos, e o sentido daquilo que fazemos, para que a partir disso possamos ter uma consciência maior sobre nossas ações e a nossa vida de modo geral.

Deste modo se autoconhecer é lançar luz sobre a própria existência. É o dar à luz a uma nova e mais madura versão.

O autoconhecimento é uma das maiores, senão a maior ferramenta naquilo que podemos chamar de inteligência emocional, conceito tão explorado pelo psicólogo americano Daniel Goleman, pois é através dele que podemos nos aprofundar e melhor compreender nossos sentimentos e emoções.

Aliado a tudo isso está a auto-observação como mecanismo fundamental nessa prática. Agindo mecanicamente, absorvidos pela rotina nos deixamos levar frequentemente por atitudes e reações “automatizadas” e não raro, por uma vida com pouco sentido, guiada por padrões inconscientes.

O autoconhecimento é necessário exatamente porque ele nos propicia um autoencontro, e nos permite repaginarmos e compreendermos melhor nossa existência, trazendo mais consciência e discernimento sobre o rumo que estamos dando a nossa jornada existencial.

Assim como aquele que não tem conhecimento sobre habilitação não está apto a dirigir um veículo e coloria em risco a si mesmo e a outros tentando chegar a algum lugar, aquele que pouco se conhece dificilmente encontra a vida plena que gostaria, e acaba por se deparar com feridas que poderia evitar se tivesse mais conhecimento de si para isso.

Em suma, se autoconhecer é a arte de saber se conduzir.

Alexandro Gruber,

Formado em Filosofia pela Universidade Estadual do Paraná e especialista em Autoconhecimento,

Psicologia Positiva e Espiritualidade e Estudos da Consciência pela PUC-RS.

Sugestões de leitura:

GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente.2 Rio de Janeiro: Objetiva.

CSIKSZENTMIHALYI, Mihaly Flow: a psicologia do alto desempenho e da felicidade / Mihaly Csikszentmihalyi ; tradução Cássio de Arantes Leite. — 1ª ed. — Rio de Janeiro: Objetiva, 2020.

Paidéia: A Formação do Homem Grego. Tradução de Artur M. Parreira. 4ª Edição. São Paulo: Martins Fontes, 2001. 

Uma resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *